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Tecnologia

19/05/2022
Reconhecimento facial e racismo
O reconhecimento facial se tornou uma das aplicações mais populares da Inteligência Artificial, especialmente na área de segurança e vigilância. Empresas e governos ao redor do mundo adotam essa tecnologia para identificar pessoas em locais públicos, autorizar acessos e até mesmo auxiliar investigações criminais. No entanto, sua implementação levanta questões preocupantes, principalmente quando se trata da discriminação racial e social.
Quem tem "cara de bandido"?
Estudos mostram que sistemas de reconhecimento facial apresentam uma taxa de erro significativamente maior ao identificar pessoas negras, especialmente mulheres negras. Isso acontece porque os algoritmos são treinados com bancos de imagens que, na maioria das vezes, são compostos por rostos brancos, especialmente homens brancos. Como resultado, a tecnologia se torna um reflexo do racismo estrutural, perpetuando desigualdades em vez de solucioná-las.

O uso da tecnologia para fins de policiamento acaba reforçando estereótipos perigosos. Pessoas negras e de baixa renda são frequentemente alvo de abordagens injustas devido a erros no reconhecimento facial, aumentando a criminalização dessas populações. A pergunta que fica é: quem define o que é um rosto suspeito?
O perigo dos dados enviesados
Os bancos de dados utilizados para treinar os sistemas de reconhecimento facial não surgem do nada. Eles são construídos por desenvolvedores e programadores que, intencionalmente ou não, deixam seus próprios vieses influenciar os resultados. Assim, um sistema que deveria ser objetivo acaba refletindo preconceitos e desigualdades existentes na sociedade.
O problema não está na tecnologia em si, mas na forma como ela é desenvolvida e utilizada. Sem diversidade nas equipes que criam esses algoritmos, continuaremos vendo ferramentas que beneficiam um grupo enquanto prejudicam outros.
Regulamentação e transparência são essenciais
Diante desses desafios, é fundamental exigir maior transparência e regulamentação no uso da tecnologia de reconhecimento facial. Empresas e governos devem ser responsabilizados pelo impacto dessas ferramentas na vida das pessoas, garantindo que a IA seja utilizada de maneira ética e inclusiva.
Além disso, é necessário investir na capacitação de profissionais negros e periféricos no setor tecnológico. Somente com diversidade na criação das tecnologias poderemos construir soluções mais justas e eficazes.
A tecnologia deve servir para promover igualdade, e não para reforçar discriminações históricas. Se quisermos um futuro onde a inteligência artificial beneficie a todos, precisamos questionar e reformular a forma como essas ferramentas são desenvolvidas e implementadas.