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27/05/2022

Reconhecimento facial em vitória

No início do ano, a Prefeitura de Vitória investiu cerca de 15 milhões de reais para instalar 150 câmeras com reconhecimento facial e um supercomputador para gerenciar todos os dados coletados. A promessa é ambiciosa: um sistema que auxiliará na identificação e apreensão de criminosos, tornando a cidade mais segura.

A ideia parece interessante no papel, mas, na prática, essa tecnologia tem gerado polêmicas no mundo todo. Quem será realmente beneficiado com essa novidade?

O que as pesquisas dizem?

Casos internacionais mostram que o reconhecimento facial não é isento de falhas e pode reforçar desigualdades raciais e sociais


Em 2018, um estudo da American Civil Liberties Union apontou que o sistema de reconhecimento facial da Amazon confundiu 28 membros do Congresso dos EUA com criminosos. A maioria dos erros envolvia pessoas negras.


Pesquisadores do MIT descobriram que os algoritmos confundem mulheres negras com homens negros em 35% dos casos, enquanto a taxa de erro para homens brancos é inferior a 1%.


A tecnologia foi desenvolvida majoritariamente na Europa, EUA e Ásia, com treinamentos baseados em rostos e realidades diferentes da nossa. Isso significa que o sistema pode não reconhecer corretamente as características físicas e o modo de vida dos brasileiros, aumentando as chances de erros e injustiças.

O que o governo municipal diz?

O prefeito de Vitória, delegado Lorenzo Pazolini, declarou em fevereiro deste ano ao jornal A Gazeta:


“Iremos iniciar um cadastro de banco de dados para que os foragidos e procurados possam ser identificados e presos, reduzindo a impunidade. O que nós queremos é uma cidade segura, integrada e tecnológica onde efetivamente a vida seja o bem maior a ser preservado.”

Mas a segurança não pode vir às custas de mais discriminação. Sem um debate amplo e medidas para evitar injustiças, o reconhecimento facial pode acabar criminalizando ainda mais pessoas negras e periféricas, que já são vítimas de abordagens violentas e prisões injustas.

E agora?

A chegada do reconhecimento facial em Vitória levanta muitas questões. Quem será mais afetado por essa tecnologia? O investimento de milhões valerá a pena se ele intensificar desigualdades e não garantir uma segurança justa para todos?